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Tarsila Amaral


O relatório da FAPESP de 2008 homenageia a pintora Tarsila do Amaral, um dos ícones do Movimento Modernista brasileiro. A obra de Tarsila, marcada pelos traços do cubismo, pelas cores ‘caipiras’ e pelo elemento onírico, transformou a arte brasileira a partir dos anos 20.

Filha e neta de fazendeiros do interior paulista, Tarsila foi criada nas fazendas de seu pai. Mais tarde estudou em São Paulo e em Barcelona. Depois, com Pedro Alexandrino, iniciou seus estudos de desenho e pintura a partir de 1917. No ateliê de Alexandrino ficou amiga de Anita Malfatti. Foi para Paris estudar na Académie Julian em 1920 e teve notícias do Movimento Modernista e da Semana de Arte Moderna através de Anita. Voltou ao Brasil em julho de 1922, integrou-se ao grupo modernista e começou a namorar o escritor Oswald de Andrade. Voltou a Paris em 1923 acompanhada de Oswald e iniciou os estudos do cubismo com Fernand Léger. Em 1924, depois de uma viagem às cidades históricas de Minas Gerais, acompanhada de um grupo de Modernistas e do poeta franco-suíço Blaise Cendrars, Tarsila iniciou a fase Pau-Brasil em sua pintura, usando as cores caipiras que gostava na infância (que depois se tornaram uma marca em sua obra, assim como os temas ligados à cultura do Brasil). Em 1928, deu inicio à fase Antropofágica, em que o elemento onírico era uma característica forte, mas sempre valorizando as cores caipiras e os temas brasileiros.

Separou-se de Oswald em 1930 e começou a namorar o psiquiatra comunista Osório Cesar. Foram a Moscou, onde fez uma Exposição. Quando voltou, em 1933, pintou a tela ‘Operários’ sensibilizada com o problema social. Nos anos 50, voltou à fase Pau-Brasil em sua pintura. Participou da I Bienal em 1951. Em 1963, teve uma sala especial na VII Bienal. Participou também da Bienal de Veneza, em 1964. Faleceu em 17 de janeiro de 1973.

Em 1927, Mário de Andrade escreveu sobre Tarsila: ‘Tarsila é um dos temperamentos mais fortes que os modernos revelaram para o Brasil. Afeita às correntes mais em voga da pintura universal, ela conseguiu uma solução absolutamente pessoal que chamou a atenção dos mandões da pintura moderna parisiense. Pode-se dizer que dentro da história da nossa pintura ela foi a primeira que conseguiu realizar uma obra de realidade nacional. Em Tarsila, como aliás em toda a pintura de verdade, o assunto é apenas mais uma circunstância de encantação; o que faz com que os quadros dela tenham aquela brasileirice imanente à própria realidade plástica: um certo e muito bem aproveitado caipirismo de formas e de cor, uma sistematização inteligente do mau gosto que é dum bom gosto excepcional, uma sentimentalidade intimista, cheia de moleza e de sabor forte.’

Em 1944, Sérgio Milliet escreveu: ‘Na história da pintura brasileira Tarsila representa, como já o disseram quase todos os nossos críticos, um papel de primeiro plano. Precursora em nosso meio do cubismo, do expressionismo (com Segall e Anita Malfatti) e do surrealismo, coube-nos ainda (com Di Cavalcanti) a iniciativa do assunto brasileiro tratado dentro de um espírito tipicamente nosso. É o colorido de Tarsila, pela sua frescura e franqueza, o qual mais impressiona em sua arte.’

Tarsila, além da artista excepcional, foi também uma mulher que marcou época. Luís Martins, companheiro de Tarsila por quase 20 anos escreveu: ‘Tarsila foi, certamente, uma criatura rara, excepcional, superior, reunindo em si um complexo de qualidades e virtudes que a tornaram, não só em seu meio como em seu tempo, uma dessas culminâncias quase fenomenais com que a Humanidade parece às vezes querer superar-se a si mesma, aproximando-se da perfeição.’


Tarsila do Amaral (Sobrinha neta da artista)


Apresentação