Evento esclarece dúvidas sobre o programa PIPE-FAPESP na Abimaq

Evento esclarece dúvidas sobre o programa PIPE-FAPESP na Abimaq

20 de agosto de 2019

Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP – Por considerar a inovação tecnológica fundamental para garantir o ganho de eficiência e a qualidade da produção industrial, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) sediou, nesta segunda-feira (12/08), o Diálogo sobre Apoio à Pesquisa para Inovação na Pequena Empresa no auditório da entidade, em São Paulo.

O encontro, que reuniu 74 pessoas interessadas em submeter propostas para o Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP, foi uma oportunidade de elucidar dúvidas sobre a submissão de projetos e compreender melhor as normas que conduzem o PIPE. O evento faz parte de uma série de encontros para apresentar o programa para empreendedores.

Na ocasião, também ocorreu o lançamento da exposição Pesquisa é desenvolvimento, que homenageia a produção científica e tecnológica dos pesquisadores paulistas e está aberta à visitação no hall da Abimaq até 30 de agosto.

“A Abimaq tem dado muita ênfase à difusão da inovação tecnológica. Nos últimos anos, tem sido muito grande a velocidade com que a tecnologia vem sendo empregada em nossos produtos. Mas há um gargalo relacionado à falta de estrutura”, disse José Velloso, presidente da entidade.

Velloso afirmou que, apesar do gargalo, é preciso investir em tecnologia para que a indústria entre na “onda da digitalização” e não sucumba. “Daí a importância da FAPESP e de outros órgãos financiadores. A inovação tecnológica é fundamental. Se não formos por esse caminho, vamos desaparecer”, disse.

O PIPE apoia a execução de pesquisa científica e tecnológica em pequenas empresas, com até 250 empregados, sediadas no Estado de São Paulo. As propostas podem ser desenvolvidas em duas etapas: a Fase 1, de demonstração da viabilidade tecnológica do produto ou processo, com duração máxima de 9 meses e recursos de até R$ 200 mil; e a Fase 2, de desenvolvimento do produto ou processo inovador, com duração máxima de 24 meses e recursos de até R$ 1 milhão.

Há ainda a Fase 3 do programa, voltada para o desenvolvimento e comercialização do produto. Essa fase é financiada pela FAPESP em cooperação com a Financiadora de Inovação e Pesquisa (Finep).

O 4º ciclo de análise de 2019 do PIPE recebe propostas até 21 de outubro. Estão reservados até R$ 15 milhões para atendimento aos projetos selecionados. A chamada está publicada em: www.fapesp.br/pipe/chamada-4-2019.

No evento, o diretor executivo da Abimaq, João Alfredo Saraiva Delgado, falou da importância das startups na implementação de soluções da indústria 4.0, assim como da agricultura de precisão e da internet das coisas (IoT).

De acordo com a pesquisa Indústria 4.0, realizada no ano passado pela Abimaq e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), 97% das empresas têm interesse na indústria 4.0. Desse total, quase 70% já estão fazendo a implementação, sendo que 24% afirmaram estar totalmente integradas e com investimentos concretos na área. A pesquisa foi realizada com 94 empresas de 16 setores industriais.

“No entanto, a pesquisa também mostra que a menor implementação está justamente nas pequenas e médias empresas. Por isso precisamos do PIPE e da FAPESP para difundir isso nas pequenas empresas", disse Delgado.

O evento contou também com a apresentação de Jorge Gripp, diretor de Tecnologia da Autaza Tecnologia, empresa sediada em São José dos Campos, que obteve recursos para o financiamento de projeto de inspeção automática de qualidade de carrocerias automotivas.

Atualmente na fase 3 do PIPE, a empresa ampliou o campo de atuação, atendendo também empresas do setor de vidro e aeronáutico. Outra expansão importante foi a recente abertura de um escritório nos Estados Unidos para atender clientes globais nos três setores (leia mais em http://pesquisaparainovacao.fapesp.br/820 e http://pesquisaparainovacao.fapesp.br/929).

Na sessão de perguntas e respostas do evento, Douglas Eduardo Zampieri, coordenador adjunto de Pesquisa para Inovação da FAPESP, explicou como deve ser formulado um projeto para o PIPE.

Uma dúvida recorrente da plateia estava relacionada à necessidade ou não de ter uma empresa constituída. “Na submissão ainda não é necessário ter CNPJ. Cerca de 30% dos projetos aprovados, na realidade, são de empresas a serem constituídas. Quando o empreendedor receber a notícia de que sua proposta foi aprovada pelo PIPE, tem 60 dias para realizar os trâmites necessários”, explicou Zampieri.

Foi ressaltado ainda que a empresa deve estar sediada no Estado de São Paulo, onde também deve ocorrer a execução do projeto, uma vez que o financiamento é feito com recursos dos contribuintes paulistas.

“O coordenador também deve morar no Estado de São Paulo, pois é exigida dedicação de 40 horas semanais à pesquisa. Já a contratação de consultores é livre”, disse.

Zampieri destacou que é possível submeter proposta diretamente para a Fase 2, desde que o projeto demonstre ter prova de conceito (normalmente finalizada na Fase 1) e um plano de negócios que informe o tamanho do mercado a ser atingido e projete, por exemplo, estimativas de venda nos três primeiros anos.

Sobre o desafio de migrar da área acadêmica para empresas, buscar parceiros, Gripp, da Autaza, afirmou que é preciso estudar o mercado. “O tema do meu doutorado não foi o mesmo do meu projeto no PIPE. Muitas vezes, o que se faz na universidade não é exatamente o que o mercado está querendo. O nosso primeiro desafio é a validação perante o mercado. É possível migrar de área e de tema. Se não tivéssemos essa afirmação do mercado não teríamos constituído a empresa”, disse.

Também foi questionado se as propostas deveriam seguir algum tema ou área predefinidos. “Não existe área prioritária. Esporadicamente lançamos editais específicos, mas isso é explicitado. Na maioria das chamadas, a proposta pode estar vinculada a qualquer campo de pesquisa. Tende a estar muito ligada às necessidades do mercado”, disse Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da FAPESP.

“Há alguns anos eram poucos os projetos do PIPE em agronomia, por exemplo. Atualmente, temos muitos projetos nessa área, provavelmente pela demanda da agricultura de precisão”, disse.