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Workshop na FAPESP discute compartilhamento de dados genômicos
São Paulo, 07/11/2016 – Os avanços obtidos durante o primeiro ano de atividades do Brazilian Initiative on Precision Medicine (BIPMed), banco público de dados genômicos lançado em 2015 a partir de estudos realizados em diferentes instituições e grupos de pesquisa, serão debatidos no “BIPMed: One Year and Forward”, workshop com especialistas em dados e em medicina de precisão que acontece dia 10 de novembro na sede da FAPESP, em São Paulo.
Primeiro banco online a agrupar grande quantidade de informações genômicas coletadas ao longo de vários anos na América Latina, o BIPMed está baseado em uma plataforma eletrônica construída segundo diretrizes e princípios da Aliança Global para Genômica e Saúde (GA4GH, na sigla em inglês), iniciativa internacional que reúne mais de 300 instituições de pesquisa da área da saúde. Seu objetivo é acelerar o potencial da medicina genômica por meio da troca de informações entre pesquisadores, em benefício da saúde humana.
Resultado do trabalho de pesquisa envolvendo cinco Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) apoiados pela FAPESP, o BIPMed reúne dados provenientes do Instituto de Pesquisa sobre Neurociências e Neurotecnologia (BRAINN, na sigla em inglês), do Centro de Pesquisa em Engenharia e Ciências Computacionais (CCES, na sigla em inglês), do Centro de Pesquisa em Terapia Celular (CTC), do Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades (OCRC, na sigla em inglês), e do Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias (CRID, na sigla em inglês).
Quando foi lançada, há um ano, a plataforma dispunha de informações genômicas compiladas a partir de material genético proveniente de 29 indivíduos (população de referência) da região de Campinas. Atualmente, o BIPMed baseia-se em dados compilados a partir de mais de 100 amostras obtidas por meio de sequenciamento de exoma (a parte do genoma que apresenta a maioria das alterações responsáveis pelas doenças genéticas) e mais de 180 amostras obtidas a partir da tecnologia de microarranjos, que permite reunir grande quantidade de material biológico para análise.
Acessíveis online, as informações desta base de dados são compiladas e disponibilizadas por múltiplos canais, que recebem requisições de usuários originadas em qualquer lugar do mundo, a partir de diferentes ferramentas analíticas.
Usando dados dessa população de referência, pesquisadores interessados em identificar alterações genéticas associadas a doenças podem utilizar as informações para descartar alterações presentes em indivíduos saudáveis e, assim, verificar se há ou não evidência de associação com doenças. O procedimento aumenta o caráter estatístico na identificação de variantes associadas a doenças de interesse.
Cultura de compartilhamento
O objetivo principal do BIPMed é a criação de um quadro comum de abordagens que permita o compartilhamento responsável, voluntário e seguro de dados genômicos e clínicos, além de dados fenotípicos, previstos para a próxima etapa do banco de dados.
De acordo com Iscia Lopes-Cendes, pesquisadora do BRAINN responsável pela formatação dos dados do BIPMed, o primeiro ano serviu também para desenvolver ferramentas computacionais que permitam o acesso eletrônico a diversos níveis da base de dados do BIPMed.
“A disponibilização de metadados é bastante complexa e há ainda muito a ser padronizado, mas temos avançado em paralelo com as organizações internacionais, como a GA4GH, no estabelecimento de regras e padrões que permitam o compartilhamento ético e seguro desses dados”, explicou.
Segundo ela, a prioridade agora é atrair outros grupos de pesquisa que já tenham conjuntos de dados prontos para serem disponibilizados, além de estimular pesquisadores brasileiros a se juntar à comunidade internacional no esforço de compartilhamento de dados.
“É importante disseminar a cultura de compartilhamento com a comunidade científica e com a sociedade em geral. Essa cultura é muito forte nos Estados Unidos, no Canadá e em países europeus, mas ainda não é tão disseminada na comunidade científica brasileira”.
Para Benilton de Sá Carvalho, pesquisador do Instituto de Matemática Estatística e Ciência da Computação da Unicamp e participante do workshop, uma das vantagens do sistema compartilhado de distribuição do BIPMed é permitir que usuários de todo o mundo possam utilizar a ferramenta de forma livre, beneficiando-se do processo.
“Os trâmites para disponibilização de dados fenotípicos já foram iniciados e devemos em breve também oferecer informações que contemplem especificidades deste nível. No momento, estamos providenciando as devidas autorizações, ao mesmo tempo em que buscamos uma solução computacional que garanta o suporte necessário”, disse.
Além de uma reflexão sobre o primeiro ano de atividades do BIPMed, na programação do evento serão discutidos temas como desafios e soluções para o uso da bioinformática em bancos genômicos, registros médicos eletrônicos e o compartilhamento de dados científicos para o avanço da ciência, entre outros, além da apresentação do Human Variome Project, sediado na Austrália e que busca garantir que informações sobre a variação genética e seus efeitos sobre a saúde humana possam ser coletadas, interpretadas e compartilhadas livre e abertamente.
Para se inscrever no workshop, é preciso acessar o endereço eventos/bipmed16/registration. A programação pode ser acessada em https://fapesp.br/10486.
BIPMed: One Year and Forward Data/horário: 10 de novembro de 2016 – das 8:45 às 12:30 Local: Auditório da FAPESP, rua Pio XI, 1500, Alto da Lapa, São Paulo Programação: https://fapesp.br/10486 Inscrições: eventos/bipmed16/registration |
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Gerência de Comunicação da FAPESP / Assessoria de Comunicação