FAPESP e Finep ampliam apoio à inovação empresarial
02 de maio de 2017
Quarenta e cinco startups foram selecionadas no 3º Ciclo de Análises de Propostas do Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) 2016. Um número recorde, desde a constituição do Programa, há quase 20 anos.
Outros 42 projetos de empresas foram aprovados em quatro chamadas de propostas do Programa PIPE/PAPPE, financiado pela FAPESP e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), para atender demandas de setores estratégicos como Cidades Inteligentes, aplicações espaciais, instrumentação para o novo acelerador Sirius e para buscar soluções inovativas para o combate ao vírus Zika e seu vetor, o Aedes aegypti.
A relação dos 87 projetos foi anunciada no dia 18 de abril, na sede da FAPESP, em cerimônia que reuniu cerca de 200 empresários e pesquisadores e contou com a presença do presidente da Fundação, José Goldemberg, do presidente da Finep, Marcos Cintra, do subsecretário de Ciência e Tecnologia, Marcelo Strama, representando o Secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação de São Paulo, Márcio França, do diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da FAPESP, Carlos Américo Pacheco, e do diretor científico da Fundação, Carlos Henrique de Brito Cruz.
“As universidades paulistas estão entre as melhores do mundo graças à FAPESP, criada há quase 55 anos. Mas o setor produtivo ainda se impacienta com o ritmo com que o conhecimento acadêmico extravasa para a sociedade. A Fundação mantém vários programas com empresas, mas o apoio a startups é o melhor esforço para identificar inovações que efetivamente façam diferença para o setor produtivo e para a sociedade”, afirmou Goldemberg. E completou, dirigindo-se à plateia: “Vocês são os agentes de transformação: quebrarão o mito de que a universidade não se comunica com a sociedade”.
De acordo com Marcelo Strama, os programas de inovação da FAPESP “caminham junto com as políticas públicas de São Paulo”. Ele contou ter recentemente participado de um seminário internacional sobre Cidades Inteligentes, no qual foram apresentados projetos desenvolvidos em cidades europeias. “Nesse encontro, pude mencionar o trabalho que vem sendo realizado pela FAPESP há muito tempo.”
Compartilhamento de risco
Todas as empresas apoiadas pelo PIPE têm até 250 empregados. Essa modalidade de apoio não exige contrapartidas e nem que a empresa esteja constituída na data da apresentação do projeto, desde que sua formalização ocorra antes da celebração do termo de outorga. Entre as 45 empresas com projetos aprovados nesta chamada, por exemplo, 14 estão em fase final de constituição.
O Programa, que realiza quatro chamadas por ano, tampouco exige que os proponentes tenham titulação formal de graduação ou pós-graduação, se comprovarem ter conhecimento e competência técnica nas áreas relacionadas ao projeto.
Dos 45 projetos aprovados pelo PIPE, 39 pleitearam apoio da FAPESP para testar a viabilidade tecnológica de um produto ou processo. As empresas selecionadas para esse estágio inicial da inovação tecnológica, correspondente à Fase 1 do PIPE, contarão com R$ 200 mil por um período de nove meses de pesquisa em que validarão seu projeto.
Outras seis empresas submeteram propostas diretamente à Fase 2 do PIPE, que prevê o desenvolvimento, propriamente dito, de produto e processo inovador. Estas contarão com aportes de até R$ 1 milhão por 24 meses para chegar, por exemplo, a um protótipo de uma solução inovadora que, posteriormente, poderá ser levada ao mercado.
No Programa PIPE/PAPPE, os projetos selecionados atenderam a chamadas específicas, com propostas já em fase de desenvolvimento em escala industrial e comercial.
“Programas como esses estão na base de todo o desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação em qualquer país. Precisamos nos conscientizar que todo programa público de apoio a esse tipo de iniciativa deveria ser classificado como investimento, como solução para problemas econômicos e orçamentários”, disse o presidente da Finep.
Elencando programas de crédito e subvenção às pequenas e médias empresas oferecidos pela Finep, Cintra sublinhou que a modalidade “subvenção” – que implica gastos públicos em atividade privada – tem que deixar de ser “palavrão” quando diz respeito à empresa privada com fim inovativo. “Subvenção é partilha de risco, assim como a inovação é partilha de benefícios com a sociedade. E o programa PIPE/PAPPE expressa essa percepção”, resumiu.
A relação dos projetos aprovados no 3º ciclo de 2016 está em: www.fapesp.br/pipe/chamada/resultado/chamada_de_propostas_para_o_programa_pipe__3_ciclo_de_analise_de_2016/9/
Subvenção em ambiente empresarial
Ao longo de seus quase 20 anos, o PIPE já apoiou mais de 1.600 startups em todo o Estado de São Paulo, contabilizou Brito Cruz. Mas, antes mesmo de organizar esse apoio na forma de programa, a Fundação financiava pesquisa em empresas. “Já no primeiro ano de sua instalação, em 1962, a FAPESP financiou projeto de pesquisa na Avibrás”, lembrou.
Com o PIPE, implementado em 1997, a FAPESP foi das primeiras agências de fomento em todo o país a adotar um programa de subvenção em ambiente empresarial. “Hoje, várias agências em todo o país estão realizando esforços para renovar instrumentos de apoio a startups com programas que contribuam para renovar também o papel das universidades”, disse Pacheco.
Na lista de projetos aprovados no 3º Ciclo do PIPE 2016 há inovações de ponta, como a da Vetra, que quer criar metodologia para a produção de vidros bioativos particulados de alta pureza e em escala industrial; a da Brast, que desenvolverá impressões 3D para metais; e a da Nanopol, que vai utilizar celulose recoberta por nanopartículas de óxido de zinco para controle de infecções hospitalares, apenas para citar três exemplos.
Os projetos contemplam distintas áreas. A Dana AgroScience, por exemplo, contará com recursos da FAPESP para desenvolver produto bioativo para o controle do milho e de plantas daninhas resistentes ao Glyphosate. Já a Koppert tem planos de desenvolver um percevejo predador nativo como ferramenta no manejo integrado de pragas no cultivo do tomateiro.
Entre os projetos aprovados nas quatro chamadas do Programa PIPE/PAPPE, 10 projetos foram selecionados na chamada Desenvolvimento de Tecnologias e Produtos para aplicações em Cidades Sustentáveis.
Um deles, da Sistema Ciclo Processamentos Ltda., por exemplo, vai desenvolver um sistema de rastreabilidade e telemetria que acompanha desde a origem do lixo até a transformação em produto reciclado. Basicamente, o sistema vai informar quando as caçambas e os contêineres de lixo estiverem cheios, o que facilita a logística da coleta de resíduos na cidade. Além disso, o sistema gera indicadores, métricas e uma série de informações para aprimorar o processo de coleta.
A empresa Desh Tecnologia, também selecionada no edital, está desenvolvendo um sistema de comunicação, sem fio, via rádio, para monitorar todas as luminárias públicas de um bairro ou uma cidade. E a Pullup pretende criar um aplicativo para assessorar ciclistas, que captará informações sobre aceleração, trepidação, entre outras, e um software de inteligência de dados para monitorar rotas.
A relação de projetos aprovados está disponível em www.fapesp.br/10834.
Na chamada Pesquisa Inovativa para o combate ao vírus Zika e ao mosquito Aedes aegypti foram selecionados seis projetos de empresas. A DC Química, por exemplo, pretende viabilizar a aplicação do ramnolipídeo – composto produzido por bactérias, como as Pseudomonas aeruginosa – como repelente. A Nanomed, spin-off da USP, vai utilizar nanotecnologia para ampliar o período de repelência do óleo essencial do cravo-da-índia de 30 minutos para oito horas.
Já o plano da Bio Controle é capturar e prender as fêmeas do mosquito – principalmente as grávidas – em armadilhas para inibir a reprodução e proliferação do mosquito, utilizando como fator de atração compostos químicos sintéticos que mimetizam os odores humanos.
A relação de projetos aprovados nessa chamada está disponível em www.fapesp.br/10710.
Dez projetos apresentados por 10 empresas foram selecionados nesta que é a segunda chamada para o Desenvolvimento do novo acelerador Sirius. Outros 13 projetos de oito empresas já haviam sido selecionados na chamada anterior.
Os projetos da FCA Brasil, em Campinas, e Promac Equipamentos, em Sumaré, estão relacionados à fabricação e condicionamento de câmaras especiais de ultra-alto vácuo, equipamento essencial para o acelerador, já que delimita o ambiente no qual trafega o feixe de elétrons, mantendo-o na pressão adequada (um trilhão de vezes menor do que a pressão atmosférica).
A Wisersoft Tecnologia em Sistemas vai desenvolver um comboio não tripulado para o monitoramento do túnel que abriga o anel. O veículo, movido a bateria, circulará sobre trilhos, carregando computador, câmera, sistema de comunicação, sistema anticolisão, entre outros. A mesma tecnologia poderá, no futuro, ser utilizada para vistoriar túneis do metrô, galeria de mineração ou portos.
A relação de projetos aprovados está disponível em www.fapesp.br/10644.
Na chamada de propostas para o Desenvolvimento de tecnologias e produtos para aplicações espaciais foram aprovados 16 projetos de 11 empresas que terão de responder a desafios tecnológicos nas áreas de instrumentos embarcados da missão Equars, satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para estudo de atmosfera equatorial; eletrônica e óptica espacial; propulsão; transponder digital e antena; suprimento de energia; integração de sistemas; e controle de atitude e órbita. Entre as empresas selecionadas estão a Opto Eletrônica Optrônica, Fibraforte, Equatorial Sistemas, Omnisys Engenharia, entre outras.
A relação de projetos selecionados está disponível em www.fapesp.br/10643.
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