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Webinários SPEC: Amazônia em Imagem e Movimento

Esta série de webinários é iniciativa do projeto São Paulo Excellence Chair (SPEC) da FAPESP intitulado “Depois das Hidrelétricas: Processos sociais e ambientais que ocorrem depois da construção de Belo Monte, Jirau, e Santo Antônio na Amazônia Brasileira” (Processo 2019/17113-9), coordenado pelo Prof. Dr. Emilio Moran (Unicamp e Michigan State University, EUA). A organização é realizada por Janaína Welle, doutoranda no Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (NEPAM-Unicamp).

O contexto deste evento é dado pelo extrativismo na Amazônia, entendido aqui como a retirada de enormes quantidades de recursos naturais do território, geralmente ligados à exportação de bens primários. Esse processo não é novo na região, é documentado por viajantes europeus desde os séculos XVI e XVII. Aliás, foi o próprio extrativismo que trouxe o cinema para a Amazônia com os recursos gerados pelo Ciclo da Borracha (1879-1912). O que mudou desde então foram os produtos extraídos da floresta e a escala de sua exploração. Junto a tais mudanças também foram observadas transformações na forma de registrar o extrativismo na Amazônia. Até pouco mais da metade do século XX, as narrativas documentais que retratavam o extrativismo intensivo na região se pautavam no discurso desenvolvimentista e registravam a Amazônia como uma reserva de recursos naturais que deveria ser aproveitada e um território pouco habitado que deveria ser colonizado. A partir principalmente do final da década de 1970, quando os movimentos pela preservação ambiental ganham força pelo mundo, vemos uma mudança crítica nas narrativas documentais que começam a questionar de forma mais aguda o extrativismo na região, a exemplo de “Iracema, uma Transa Amazônica” (1974), filme dirigido por Jorge Bodansky e Orlando Senna.

O extrativismo intensivo da Amazônia e as grandes obras de infraestrutura que o acompanham vêm sendo registrados e difundidos nacional e internacionalmente por um conjunto cada vez mais robusto de filmes. As consequências da abertura de rodovias, do extrativismo madeireiro, da construção de grandes usinas hidrelétricas - como Santo Antônio, Jirau e Belo Monte -, da mineração, da pecuária e da monocultura da soja são histórias recorrentes sobre a região. Como o cinema documentário tem contado essas histórias e qual seu papel na comunicação pública dos conflitos amazônicos que devem ser debatidos pela sociedade? Quais diálogos podem ser estabelecidos entre os impactados, a sociedade e a comunidade científica a partir dos filmes?

Estas e outras questões serão debatidas neste ciclo de webinários por especialistas, cineastas e moradores do território que são também personagens de alguns desses filmes. A primeira mesa apresentará as transformações da atividade extrativista na Amazônia e como tais transformações vêm sendo registradas pelo documentário nacional. A segunda abordará a relevância da divulgação por meio de filmes, de outras versões da história na legitimação de narrativas sobre os impactos dos megaempreendimentos hidrelétricos concretizados nas duas primeiras décadas do século XXI na Amazônia brasileira. A terceira mesa, que encerra o ciclo de webinários, refletirá sobre as produções mais recentes que alertam sobre as consequências do extrativismo, em especial a mineração, realizadas por cineastas e coletivos audiovisuais provenientes dos próprios territórios afetados

15/09, 10h - 12h

O primeiro episódio apresentará um breve histórico do extrativismo na Amazônia nas últimas cinco décadas e como ele tem sido registrado pelo documentário nacional. Busca-se entender como as narrativas foram se modificando com o passar do tempo, quais são as novas histórias e quais (ainda) se repetem. Será um espaço para debater as potencialidades do audiovisual, e em especial o documentário, na elaboração da agenda de discussões acerca da Amazônia no âmbito da sociedade, nos meios de comunicação e na pesquisa acadêmica.

Abertura:
Marie Anne van Sluys - Coordenação Adjunta - Programas Especiais e Colaborações em Pesquisa da FAPESP
Emilio Moran - Coordenador do Projeto SPEC

Moderador:
Janaína Welle - Unicamp

Convidados:

Edna Castro - Professora Emérita da Universidade Federal do Pará (UFPA), atuando no Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) e no Instituto de Filosofia e Ciência Humanas (IFCH), vice-presidente da Sociedade Brasileira de Sociologia, pesquisadora com vasta produção sobre a Amazônia em temas relacionados ao desenvolvimento, estado, transformações no território, movimentos sociais e colonialidade

Gustavo Soranz - Professor visitante no Programa de Pós-Graduação em Artes da Universidade Federal do Pará. Autor do livro "Território imaginado – Imagens da Amazônia no cinema" e organizador de "Filmar a Amazônia"

Jorge Bodansky - Cineasta e fotógrafo. Dirigiu "Iracema, Uma Transa Amazônica" (1974), "Jari" (1979) e "O Terceiro Milênio" (1980), entre outros. Recentemente lançou a série exclusiva HBO "Transamazônica: Uma Estrada Para o Passado"

22/09, 10h - 12h

O segundo episódio abordará brevemente como se deram os processos de construção das hidrelétricas de Belo Monte, Santo Antônio e Jirau e as consequências sociais e ambientais dessas obras. Tanto os cientistas que se debruçam sobre o tema, quanto os cineastas que o registram, buscam apreender dos relatos, dos depoimentos e das narrativas dos afetados a amplitude dos impactos dos megaprojetos. A partir disso abre-se espaço para a reflexão das potencialidades do documentário como um instrumento de difusão e legitimação de narrativas a partir das vozes dos impactados pelas consequências da construção de megaempreendimentos na Amazônia e também, como uma fonte histórica para estudos sobre o assunto.

Abertura:

Moderador:
Renata Utsunomiya – USP

Convidados:

Evandro Mateus Moretto - Professor associado da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Desde 2012, é vice-presidente da Associação Brasileira de Avaliação de Impacto

Todd Southgate - Cineasta canadense radicado no Brasil, dedicado a temáticas ambientais. Dirigiu "Belo Monte: Depois da Inundação" e "Damocracy", entre outros

Josefa de Oliveira Câmara da Silva - Geógrafa e liderança do Conselho Ribeirinho e do Movimento Xingu Vivo para Sempre em Altamira/PA

29/09, 10h - 12h

O terceiro e último episódio irá debater o extrativismo a partir de novas narrativas sobre a questão da mineração em territórios indígenas e tradicionais. Essas narrativas se relacionam de maneira diferenciada com as populações locais e com o território, seja por serem construídas por cineastas e coletivos locais, ou construções colaborativas. O enfoque será no uso do audiovisual, e em especial do documentário, como um dispositivo de enfrentamento nas mãos dos diretamente afetados.

Abertura:

Moderador:
Juliano Araújo - UNIR

Convidados:

Bruno Milanez - Professor no Programa de Pós-Graduação em Geografia e no Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora. Pesquisador no Grupo Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade

Ivaneide Bandeira Cardozo - Historiadora, indigenista e coordenadora geral da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé em Porto Velho

Beka Munduruku - Luciane Saw Munduruku é uma das criadoras do Coletivo Audiovisual Munduruku Daje Kapap Eypi do Médio Tapajós/PA

Apoio:

Este evento será gravado e, posteriormente, estará disponível no Canal da Agência FAPESP no YouTube

Não haverá emissão de certificados/declaração de presença para os eventos transmitidos on-line.



Página atualizada em 29/09/2022 - Publicada em 11/08/2022