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Parceria Brasil-EUA

Parceria Brasil-EUA Para o secretário adjunto de tecnologia do Departamento de Comércio dos Estados Unidos, Phillip Bond, 'é hora de arregaçar as mangas para enfrentar os desafios' (foto:F.Cunha)

Agência FAPESP - Na sessão de abertura da mostra Brasil and US Technology Open House, na quarta-feira (30/6), em Washington, nos Estados Unidos, representantes dos governos brasileiro e norte-americano enfatizaram a necessidade de estabelecer cooperação na área cientifica para estimular o desenvolvimento e sustentar o crescimento econômico no futuro.

Mais de cem participantes e convidados estiveram na sessão de pronunciamentos realizada no período da manhã, entre eles Harold Stolberg, diretor do Programa para as Américas, da National Science Foundation (NSF), voltado para a cooperação científica no continente.

Durante a tarde, pesquisadores, pequenos empresários brasileiros e autoridades dos dois países discutiram oportunidades de negócios e parcerias em pesquisas. Para o secretário adjunto de tecnologia do Departamento de Comércio dos Estados Unidos, Phillip Bond, “é hora de arregaçar as mangas para enfrentar os desafios. Há muito o que fazer nas relações entre empresários e deles com os governos”. Bond sustenta que nenhum país tem o monopólio das relações que envolvem a produção de Ciência e Tecnologia.

O embaixador brasileiro nos Estados Unidos, Roberto Abdenur, foi enfático ao descrever os resultados dessa cooperação quando destacou a presença da Petrobras no apoio a exploração de petróleo nos EUA, que pode levar o país à auto-suficiência. “Áreas como biodiversidade, saúde, agronegócio – em que o empreendedorismo e a pesquisa já ajudaram muito o Brasil –, entre outras, também oferecem oportunidades extraordinárias de cooperação a curto prazo”, disse.

O chefe de gabinete do secretário de tecnologia do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Carlos Cristo, expôs o plano brasileiro para estimular a inovação. A estratégia tem cinco pontos principais: desenvolvimento de inovações tecnológicas; inserção das inovações no mercado; modernização industrial; crescimento da capacidade produtiva; e otimização de estratégias que também tratam da geração de novos negócios como semicondutores, medicamentos e softwares, em que o Brasil ocupa a posição de segundo maior mercado do mundo.

Cultura científica e política

“Apesar de um certo grau de incerteza, a ciência e a tecnologia oferecem grandes benefícios e é necessário que eles sejam incorporados às decisões de Estado, afirmou o assessor especial para ciência e tecnologia do secretário de Estado Colin Powell, George Atkinson.

“O número de pesquisadores ligados ao Departamento de Defesa dos Estados Unidos cresceu 500% nos últimos 4 anos e precisamos garantir as oportunidades de cooperação com cientistas estrangeiros”, disse. Atkinson citou Voltaire: “Somos responsáveis pelo que fazemos e mais ainda pelo que não fazemos”, referindo-se ao desafio de promover intercâmbio para avanços na área científica por meio de representações em diferentes países, inclusive no Iraque.

Outro benefício da cooperação científica entre muitos países, para Atkinson, está no método de capturar carbono e isolar gases que podem contribuir para mudanças climáticas no planeta.

Luis Manuel Fernandes, secretário executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia, acredita na intensificação da cooperação para inovação tecnológica como forma de beneficiar a sociedade. Especialmente nas áreas de desenvolvimento de software, energias limpas e agricultura, em que deu o exemplo do cultivo de uvas para vinho em regiões onde o clima não se presta a essa atividade. Fernandes afirmou que o Brasil, hoje, não produz apenas “commodities” e que precisa avançar na transformação de conhecimento em riqueza. “O país tem muitos produtos tecnológicos, alem de já ter avançado muito na ciência, em áreas como, por exemplo, a genômica”, disse.

O secretário finalizou seu discurso apresentando medidas estimuladas pelo governo brasileiro para o desenvolvimento e a inclusão social. Para ele, o uso compartilhado da infraestrutura acadêmica pela iniciativa privada e outras iniciativas deverão mudar a cultura que tende a manter separados universidades e empresas. Fernandes reafirmou também a intenção do governo Lula em elevar de 1,2% para 2% do PIB o investimento em ciência e tecnologia.

A FAPESP esteve representada no Brasil and US Technology Open House por José Fernando Perez, diretor científico, e por Fernando Cunha, assessor de imprensa.


Página atualizada em 22/01/2020 - Publicada em 01/07/2004