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Marco Antonio Zago recebe comenda da Legião de Honra concedida pelo presidente da França

Marco Antonio Zago recebe comenda da Legião de Honra concedida pelo presidente da França A Legion d'honneur foi instituída por Napoleão em 1802 (foto: Daniel Antonio / Agência FAPESP)

Concedido a estrangeiros e franceses por seus méritos excepcionais e serviços prestados à França ou a seus ideais, o título foi entregue pelo embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain


O presidente da França, Emmanuel Macron, outorgou ao presidente da FAPESP, Marco Antonio Zago, o grau de Cavalheiro da Ordem Nacional da Legião de Honra por sua contribuição ao estreitamento das relações entre o Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) e a FAPESP, bem como pelo seu apoio à criação do duplo diploma em direito entre a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade de Lyon 3 e à instalação do Institut Pasteur de São Paulo.

O título foi entregue no dia 20 de junho pelo embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain, em cerimônia realizada na residência do cônsul-geral da França em São Paulo, Yves Teyssier d´Orfeuil, na presença da família, amigos e de autoridades.

A Légion d´honneur foi instituída por Napoleão em 1802. Hoje é concedida a estrangeiros e franceses por seus "méritos excepcionais" e serviços prestados à França ou a seus ideais, disse o embaixador. Ele ressaltou que desde a criação do Centro de Terapia Celular (CTC), na Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, até a presidência da FAPESP, a atuação de Zago sempre teve a marca da colaboração. “A cada etapa o senhor sempre se manteve amigo da França.”

“O senhor abrilhantou as relações entre a França e a USP de maneira especial com a criação da dupla diplomacia com a universidade de Lyon” e quando, então reitor da USP, em 2017, “assinou o protocolo de acordo que permitiu a instalação do Institut Pasteur https://www.pasteur-sp.org.br/ no campus da USP, em São Paulo”.

“A última iniciativa foi a criação do Centro Internacional de Pesquisa [IRC] na USP, ao qual a FAPESP dá garantia de apoio, e que desempenhará papel importante na colaboração bilateral”, disse o embaixador. O IRC será o quinto centro criado pelo CNRS em parceria com uma universidade (mais informações sobre o IRC em https://agencia.fapesp.br/51245).

“Através do senhor, saudamos também a FAPESP, instituição que causa admiração por ser única no mundo, na esfera internacional, em razão do tecido que São Paulo oferece para o desenvolvimento de áreas como agricultura, inteligência artificial, saúde, entre outras.”

E concluiu: “Além de seus méritos intelectuais e acadêmicos, rendemos homenagem à sua pessoa e ao seu espírito audaz, com o qual sempre soube honrar as mais diversas situações. E, como pude atestar, a sua curiosidade intelectual e humana se estende muito além do âmbito científico: o senhor é um excelente desenhista”.

Zago agradeceu a honraria “de grande significado pessoal”. “Minhas relações com a ciência e o mundo acadêmico francês começam no Centro de Pesquisas de Hemoglobinopatias do Hôpital Henri-Mondor em Créteil. Até então minha ligação umbilical era com a pesquisa britânica. Após aquela visita, implantamos no Brasil a abordagem dessas doenças com base nas alterações e polimorfismos do DNA”, lembrou em seu discurso.

Contou que o passo mais significativo foi em 1980, quando conheceu dois jovens pesquisadores da Université Paris Diderot no recém-inaugurado Hôpital Robert-Debrê: Jacques Elion e Rajagopal Krishnamoorthy. “Desde então, desenvolvemos inúmeros projetos em conjunto, apoiados pela Capes, pela FAPESP e pela USP, promovemos intercâmbio de numerosos alunos de doutorado e pós-doutorado entre nossos laboratórios na França e no Brasil e publicamos conjuntamente 12 artigos científicos.”

Zago mencionou outra colaboração importante, com Eliane Gluckman, professora de hematologia no Hôpital Saint-Louis, pioneira mundial do transplante de sangue de cordão umbilical. “Um importante elo nesta relação foi seu assistente Vanderson Rocha, que veio a ser o professor titular de hematologia da Faculdade de Medicina da USP. Gluckman e eu orientamos conjuntamente um pesquisador que teve participação ativa no primeiro tratamento bem-sucedido de CAR-T cell na América Latina.”

Ele lembrou seus esforços à frente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da reitoria da USP e agora, como presidente da FAPESP, para promover a colaboração científica, tecnológica e cultural entre o Brasil e a França. “Lembro o acordo com o Museu Nacional de História Natural, que deu origem ao Herbário Virtual Brasileiro Reflora. As visitas bilaterais, acordos, reuniões, seminários e chamadas conjuntas para pesquisa com as universidades de Lyon, Paris-Descartes, Paris-Diderot, PSL, École des Hautes Études en Sciences Sociales, SciencePo.”

Citou também o curso de graduação de direito entre a Faculdade de Direito da USP e o Curso de Direito de Lyon por meio do Partenariat international triangulaire pour l'enseignement supérieur (PITES), liderado por Fernando Menezes, diretor administrativo da FAPESP, e a semana FAPESP em Paris e Lyon em 2019.

“A visita do presidente Macron ao Institut Pasteur na USP foi o fecho de dez anos de negociações e trabalhos que culminaram com a instalação do Institut Pasteur em São Paulo, e devo me referir ao importante esforço de Paola Minoprio para sua concretização”, afirmou, referindo-se à diretora-executiva do Institut.

“Recentemente lançamos o Programa Conjunto de Pesquisas sobre o Atlântico Sul e, na semana passada, em colaboração com o Ministério de Relações Exteriores do Brasil, relançamos o Programa de Leitorado de Língua Portuguesa nas universidades francesas. Em maio, participamos do seminário sobre línguas indígenas do Brasil no Collège de France e, no próximo ano, participaremos da exposição sobre a Amazônia no Quai Branly e do Salão de Inovação Inovatec. Em 2025 haverá, igualmente, uma nova Semana FAPESP na França”, sublinhou.

“E, no dia 19 de junho, abrimos o workshop França-São Paulo sobre a colaboração científica no domínio médico e iniciamos as negociações para uma parceria entre o Institut Curie e o Centro de Terapia Celular de Ribeirão Preto, meu antigo laboratório.”

Zago terminou seu discurso com o lema da Legião: Pátria e Honra.