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A arte de Lasar Segall

A arte de Lasar Segall Relatório de Atividades 2007 da FAPESP homenageia um dos mais importantes nomes da arte moderna brasileira. Exposição com reproduá§áµes que ilustram o volume será¡ aberta na próxima terá§a-feira (9/12), na sede da Fundação, em São Paulo

Agência FAPESP – O Relatório de Atividades 2007 da FAPESP homenageia Lasar Segall, um dos grandes nomes da arte moderna brasileira. O relatório, que reúne os principais números que representam a atuação da Fundação no fomento a pesquisa, reproduz 21 quadros a óleo, além de gravuras e desenhos do artista. Todas as obras pertencem ao Museu Lasar Segall, em São Paulo, e outras instituições brasileiras.

Reproduções das 21 obras que ilustram o relatório serão reunidas em uma exposição na sede da FAPESP. A mostra será inaugurada na terça-feira (9/12), às 16 horas, e ficará aberta ao público até o dia 29 de dezembro.

De acordo com o relatório, a FAPESP registrou em 2007, ano em que completou 45 anos, mais um recorde na contratação de novos projetos de pesquisa – 10.587 – e no desembolso com pesquisa, R$ 549,5 milhões. Nos últimos dois exercícios, a expansão do número de novos projetos contratados foi de 28,4%.

Esse desempenho resultou, mais uma vez, do crescimento da receita tributária do Estado de São Paulo e, conseqüentemente, do repasse de 1% feito à Fundação, conforme estabelecido na Constituição Estadual. O repasse totalizou R$ 519,75 milhões, 12,14% acima daquele verificado em 2006, e respondeu por 82,18% da receita da FAPESP no exercício.

O maior repasse conjugado com a adoção, pelo seu Conselho Superior, de uma criteriosa política de gestão e de investimentos permitiram à FAPESP manter um fluxo crescente de recursos para pesquisa.

A exemplo dos anos anteriores, o maior volume de recursos para fomento – precisamente 70,98% – concentrou-se na Linha Regular de Pesquisa, que atende à demanda espontânea de pesquisadores por meio de bolsas no país e no exterior e por meio de diversas modalidades de auxílio a pesquisa.

Cultura científica

Pelo terceiro ano consecutivo o Relatório de Atividades da FAPESP homenageia artistas plásticos que nasceram ou radicaram-se em São Paulo.

A edição relativa às atividades de 2005 apresentou obras de Francisco Rebolo(1902-1980). O relatório de 2006 homenageou Aldo Bonadei (1906-1974).

De acordo com o presidente da FAPESP, Celso Lafer, o projeto de homenagear um artista a cada edição do relatório é coerente com o papel da Fundação na mediação entre a cultura literária e humanística e a cultura científica.

"A FAPESP tem o mérito de ser, desde a sua criação, locus por excelência do encontro das duas culturas. Apoiar desde o início não só as chamadas ‘ciências duras’, mas também as ciências humanas, tem sido um dos mais importantes aspectos da originalidade da contribuição da Fundação à sociedade”, disse à Agência FAPESP.

Lafer acrescenta que o relatório, em suas três últimas edições, pela qualidade do conteúdo artístico inserido em sua confecção, tem sido um símbolo do diálogo entre as duas culturas. “Os últimos relatórios apresentaram um conteúdo próprio de natureza artística, com a obra de artistas brasileiros de grande importância. Neste ano nosso relatório inclui uma amostra significativa da obra de Lasar Segall”, disse.

Segundo ele, o relatório apresenta um amplo espectro dos diversos programas da FAPESP, que vão dos recursos humanos aos projetos que envolvem conhecimento geral e aplicado. “O relatório, como é da tradição da Fundação, é uma prestação de contas à sociedade daquilo que estamos fazendo com os recursos que são alocados pela Constituição Estadual”, afirmou.

Humanismo profundo

Segall nasceu em 1891 em Vilna, na Lituânia – na época parte do império russo –, filho de um escriba da Tora, o texto sagrado dos judeus, cujos traços, de precisão religiosa, teriam influenciado seu desenho expressivo.

Em 1906, mudou-se para a Alemanha, onde freqüentou as academias de Berlim e Dresden. Foi um dos fundadores da Secessão de Dresden – Grupo 1919. Participou de importantes coletivas, como a Exposição Internacional de Arte de Düsseldorf, em 1922, e realizou exposição individual no Museu Folkwang, em Hagen, em 1920.

Emigrou para o Brasil em 1923, quando já era artista reconhecido na Europa. Em São Paulo, foi acolhido com entusiasmo pelos artistas modernistas. Mário de Andrade publicou seu primeiro artigo sobre Segall em A idéia, em 1924.

“Segall é realmente um dos mais interessantes modernistas que conheço. Trabalha indiferentemente pintura e gravura. Admirável técnica de gravador [...]. Mas ainda o que mais atrai nele é o espírito. [...] Lasar Segall é para mim um dos que melhor resolvem o problema das relações entre a arte e o mundo exterior”, escreveu.

"Influenciada pelo expressionismo alemão, a obra de Segall passou por uma visível transformação depois de sua emigração para o Brasil – a “fase brasileira” foi pontuada pela luz tropical, a exuberância da vegetação e dos tipos humanos, especialmente os negros das favelas. Toda sua trajetória foi marcada por um profundo humanismo", destaca a historiadora de arte Vera D'Horta.

Casou-se com Jenny Klabin Segall, com quem teve dois filhos. Em 1927, naturalizou-se brasileiro. Depois de voltar à Europa – viveu em Paris entre 1928 e 1932 – Segall retornou ao Brasil. Morou em São Paulo, na casa que hoje é sede do Museu Lasar Segall, até sua morte, em 1957.

O Relatório de Atividades 2007 da FAPESP pode ser consultado na seção de publicações no site da Fundação, no endereço www.fapesp.br/publicacoes/relat2007.pdf (pdf com 2,5 MB).

Para saber mais sobre Lasar Segall: www.museusegall.org.br.
 


Página atualizada em 02/02/2009 - Publicada em 04/12/2008