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DSTs entre mulheres profissionais do sexo no Interior de SP

DSTs entre mulheres profissionais do sexo no Interior de SP

Pesquisadoras da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Botucatu, no Interior paulista, buscaram rastrear informações que pudessem revelar um pouco mais sobre o comportamento adotado por um grupo específico de mulheres, as profissionais do sexo, consideradas mais expostas aos riscos de contrair doenças sexualmente transmissíveis (DST). Entre os objetivos do estudo, feito pela primeira vez na cidade, que compõe uma região com 68 municípios, está a contribuição com a política de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis em municípios de médio porte no Estado de São Paulo.

Para isso, as pesquisadoras buscaram averiguar como o comportamento desse grupo poderia influenciar nos riscos aos quais as mulheres estivessem expostas. O grupo analisado foi composto por 102 mulheres adultas jovens, com média de idade de 26 anos, 53% das quais com no mínimo nove anos de escolaridade, 71,6% solteiras e que, em 59,8% dos casos, tiveram a primeira relação sexual antes dos 15 anos de idade. Foram feitos exames ginecológicos, além de coletas de sangue, para diagnósticos de sífilis, hepatite B e HIV, e de secreção cervical, para pesquisa de Chlamydia trachomis (CT), Neisseria gonorroheae (NG) e Papilomavírus humano (HPV). Com 67,7%, a prevalência do HPV foi considerada muito superior à encontrada em ambulatórios em São Paulo (16%), e superior também às demais DSTs. Considerando-se a genotipagem, metade das pacientes positivas para o HPV apresentou pelo menos um genótipo de alto risco oncogênico, ou seja, de desenvolver câncer. “Entre as mulheres analisadas foi 2,5 vezes mais frequente a presença de lesões precursoras de risco para o câncer do colo do útero, permitindo-nos concluir tratar-se de população de alto risco para desenvolver a doença”, afirmam as pesquisadoras. De acordo com os critérios adotados na pesquisa, que contou com o apoio da FAPESP, buscou-se verificar em que medida as DSTs podem representar agravos à saúde pública. Nesse sentido, o estudo apontou que, apesar do aumento das ações de prevenção, diagnóstico e tratamento de DST/Aids, o universo das doenças sexualmente transmissíveis é muito mais amplo nessa população e, por isso, o nível de informação preventiva e de tratamento também precisa ser ampliado.

A dificuldade para estabelecer controles mais eficazes nos casos de prevenção e tratamento da população estudada está em suas próprias características, como mudanças frequentes de moradia e atuação profissional. “Também existe preconceito por parte das equipes de saúde, o que dificulta o acesso dessas mulheres aos serviços de saúde. A partir da viabilização do diagnóstico das DSTs nessa população de elevada prevalência, espera-se que os gestores ampliem também investimentos, ações de educação permanente, acesso a insumos de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado”, diz Cristina Maria Garcia Lima Parada, que conduziu o estudo. Devido à elevada prevalência de DSTs nesse grupo, a pesquisa apontou a necessidade de estimular a adoção de hábitos mais saudáveis, como o uso de preservativo em todas as relações sexuais, incluindo preservativo feminino, bem menos comum. Além disso, os municípios devem buscar a adequada capacitação dos profissionais de saúde para o contato com esse grupo, o planejamento de ações e a elaboração de diagnósticos das DSTs em grupos mais vulneráveis, contribuindo para a quebra da transmissão dessas doenças.

Dados da pesquisa mostram ainda que, embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) estime que no Brasil acorram cerca de 12 milhões de casos de DST por ano, esse número pode ser até maior, pois é igualmente elevada a subnotificação de casos, ou seja, a maioria das pessoas acometidas pelas DSTs ainda não busca apoio diretamente nos serviços de saúde.

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Página atualizada em 20/12/2011 - Publicada em 07/12/2011