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Bioengenharia para recuperar áreas degradadas por mineração

Bioengenharia para recuperar áreas degradadas por mineração

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) está desenvolvendo uma pesquisa de caráter interdisciplinar para viabilizar a recuperação de áreas degradadas pela atividade de mineração de agregados para a construção civil – pedra, areia e calcário –, utilizando de forma integrada os conceitos de bioengenharia de solos e serviços ambientais. O projeto envolve, no IPT, o Laboratório de Recursos Hídricos e Avaliação Geoambiental (LabGeo) e a Seção de Sustentabilidade de Recursos Florestais.

Selecionado dentro do acordo de cooperação firmado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP e a Companhia Vale, que prevê um investimento total de até R$ 40 milhões para o desenvolvimento de pesquisas científicas e tecnológicas nas áreas de mineração, energia, ecoeficiência, biodiversidade e produtos ferrosos para siderurgia, o estudo Recuperação de áreas degradadas de mineração associando técnicas de bioengenharia de solos com geração e manutenção de serviços ambientais faz parte de um projeto que conta com outras pesquisas relacionadas ao mesmo tema, e orçamento compartilhado entre as instituições participantes. Além da FAPESP e da Vale, parte do financiamento é do próprio IPT, articulado com o Comitê da Cadeia Produtiva da Indústria de Mineração (Comin), da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).

A marca inovadora do projeto, que deverá gerar uma patente para o Instituto, é a aplicação de técnicas de bioengenharia de solos na recuperação de áreas degradadas pela atividade de mineração e na geração de serviços ambientais, cujo conhecimento integrado no contexto da mineração é inédito. “Essas técnicas são normalmente empregadas na recuperação de rodovias e margens de rios, mas seu uso para recuperar áreas degradadas por mineração é inédito”, afirma Amarilis Lucia Casteli Figueiredo Gallardo, pesquisadora do Centro de Tecnologias Ambientais e Energéticas (CETAE) do IPT e coordenadora dos trabalhos.

O principal alvo do projeto são 250 terrenos localizados na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), que já não têm mais atividade econômica. Mas a metodologia a ser criada beneficiará também, no futuro, outras áreas que atualmente estão produzindo agregados. A recuperação dessas áreas pelas empresas mineradoras é regulamentada, desde 1989, pelo Decreto Federal 97.632, que prevê a implantação do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (Prad) ao término da exploração mineral. “Esse projeto parte da exigência legal dessa etapa, porém, pretende extrapolar a prática convencional de recuperação dessas áreas. A proposição visa agregar valor, no sentido de promoção da sustentabilidade ambiental, à fase de recuperação dessas áreas”, complementa Gallardo.

Recuperação sustentável

Para viabilizar o projeto, foram visitadas dez áreas recuperadas em diferentes regiões do Brasil, e serão visitadas cinco áreas específicas de mineração de agregados apenas no Estado de São Paulo. Dessas, duas serão selecionadas para o desenvolvimento metodológico. Depois, será feito o diagnóstico ambiental das áreas de estudo, quando serão caracterizados os meios físico, biótico e antrópico. Em seguida, serão realizados experimentos para determinar as técnicas de bioengenharia de solo mais apropriadas e, por fim, identificar e avaliar os serviços ambientais gerados associados à recuperação.

Na prática, a aplicação de técnicas de bioengenharia de solos significa que as áreas não serão recuperadas apenas com o plantio de espécies convencionalmente usadas, como gramíneas e eucaliptos. “Em vez de espécies exóticas, daremos preferência a espécies nativas, priorizando o uso de espécies mais comuns, diversificando os serviços ambientais fornecidos pela recuperação da área”, afirma a pesquisadora Caroline Almeida Souza, da Seção de Sustentabilidade de Recursos Florestais do IPT.

O projeto pretende proporcionar uma abordagem mais sustentável para a atividade de mineração. O método a ser desenvolvido poderá ser aplicado em contextos minerários similares, em diferentes regiões do País, e com estudos e adaptações posteriores, também para outras atividades mineradoras. O projeto inclui, além dos profissionais do IPT, a atuação de nove bolsistas, dos quais seis são de iniciação científica, dois de mestrado e um de doutorado.

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Página atualizada em 23/11/2012 - Publicada em 19/12/2011