Chamadas de Propostas
Anexo 1 - Edital de pesquisa para o desenvolvimento de inovação em Cidades Inteligentes - Grandes Metrópoles
SELEÇÃO PÚBLICA FAPESP E MCTI/FINEP/FNDCT - PROPOSTAS PARA INOVAÇÃO - PAPPE-PIPE Fase 3 - 2018
Subvenção Econômica à Pesquisa para Inovação - Subvenção Econômica Nº 0107077500
LISTA DE DESAFIOS TECNOLÓGICOS
1 Introdução e orientações gerais
1.1 O cenário em questão
Se o século XXI é chamado de século urbano, no Brasil podemos considerar que vivemos a era metropolitana. Segundo dados do IBGE, 44,8% da população brasileira vive em áreas urbanas1 com mais de um milhão de habitantes. Essas áreas conformadas por apenas 483 dos 5.561 municípios brasileiros concentram 58,8% do Produto Interno Bruto do país.
Metrópoles são as cidades centro de regiões metropolitanas. Essas regiões são um lugar de oportunidade para inovação e concepção de soluções para um desenvolvimento urbano mais inclusivo e sustentável, com potencial de replicação em nível regional, nacional e até mesmo internacional. A título de exemplo, a maior região metropolitana do país – a Região Metropolitana de São Paulo – concentra 10% da população e 18% do PIB brasileiro em menos de 0,1% do território nacional.
No entanto, grandes metrópoles são também lócus de grandes problemas. Desigualdades sociais, riscos ambientais, equipamentos públicos sobrecarregados, déficit habitacional, problemas de mobilidade urbana e saneamento básico precário são alguns deles. Esses problemas estendem-se muito além das fronteiras administrativas do município central dessas grandes áreas urbanas, impactando diretamente a população, o meio ambiente e a economia dos municípios de seu entorno.
Nesse sentido, a complexidade da gestão desses territórios não se dá apenas por sua dimensão e escala, mas pela necessidade de articulação de diferentes atores governamentais, da sociedade civil e do setor privado na concepção e implementação de ações para fazer frente a esses desafios. Logo, o foco em grandes metrópoles na busca de soluções para problemas regionais pode resultar em uma rápida adaptação e replicação para os municípios do entorno metropolitano.
1.2 Cidade Inteligente
O conceito de cidades inteligentes apresenta grandes oportunidades para repensar a maneira que gerimos as metrópoles. De acordo com definição de reconhecimento internacional mais utilizada – a da International Telecommunication Union (ITU)2 –, “uma cidade inteligente e sustentável é uma cidade inovadora que usa TICs e outros meios para melhorar a qualidade de vida, a eficiência de serviços e operações urbanas e sua competitividade, enquanto garante o atendimento das demandas do presente e das futuras gerações respeitando aspectos econômicos, sociais e ambientais”.
Em grandes metrópoles, o fortalecimento da interação com o cidadão apoiado em tecnologias que integre um rol diversificado de serviços pode levar ao aprimoramento da gestão desses serviços com substanciais reduções em seus custos de operação. Além disso, segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas3, o modelo de governança adotado na implementação de soluções para cidades inteligentes deve contar com a participação ativa da cidadania; a pesquisa aponta a necessidade de engajamento dos cidadãos no acompanhamento e manutenção dos projetos implementados.
Os benefícios dessas ações também podem trazer ganhos em produtividade e competitividade dado o potencial de impactos em cadeia em áreas como a saúde: grandes metrópoles concentram importantes indústrias e serviços especializados que podem ser induzidas a novas pesquisas e desenvolvimento.
Pensar em metrópoles inteligentes é pensar em soluções que permitam que o governo seja capaz de avançar em respostas às demandas sociais na mesma velocidade e escala em que emergem novos desafios à gestão pública. Nesse sentido, soluções para cidades inteligentes em grandes metrópoles são catalisadores importantes de inovação na gestão e provisão de serviços públicos, conciliando desenvolvimento social e econômico de maneira sustentável.
1.3 Quais as possibilidades para as empresas?
Startups, pequenas e médias empresas podem oferecer soluções inovadoras e até revolucionárias para atender demandas de cidades inteligentes. No entanto, o processo de descoberta, invenção, e desenvolvimento de soluções inovadoras pode envolver alto custo e um nível de risco tecnológico relevante que, juntos, podem se tornar um obstáculo a ser superado.
Este Edital oferece recursos para apoio a atividade de pesquisa científica e/ou tecnológica para pequenas empresas com menos de 250 empregados sediadas no Estado de São Paulo que pretendam desenvolver processos e serviços inovadores para que os produtos possam ser inseridos no mercado.
Na fase apoiada por este edital a empresa realiza as atividades de pesquisa necessárias para se chegar ao desenvolvimento industrial e comercial dos produtos. Os recursos oferecidos pelo programa deverão ser destinados à pesquisa e não poderão financiar a sua produção ou a sua comercialização.
Entende-se por desenvolvimento da pesquisa para inovação tecnológica o esforço realizado, não exclusivo, mas principalmente nas atividades de criação de conhecimento que:
a) seja voltado para a criação de novas tecnologias e novos conhecimentos com aplicações e objetivos práticos relevantes para os objetivos da empresa;
b) contribua para vencer desafios que assegurem ao produto viabilidade técnica para produção em escala;
c) ajude a vencer incertezas técnicas e levem ao melhoramento da qualidade do produto;
d) garanta a adequação do produto a normas, certificações técnicas e comprovações de desempenho.
1.4 O que se espera identificar nas propostas enviadas?
Espera-se identificar nas propostas enviadas atividades de pesquisa necessárias para se chegar a processos, produtos e serviços inovadores nas áreas de saúde que estejam articuladas com o conceito de cidades inteligentes utilizado neste documento. Ou seja, que usem TICs e outros meios para melhorar a qualidade de vida, a eficiência de serviços e operações urbanas e competitividade de grandes metrópoles, enquanto garantem o atendimento das demandas da presente e das futuras gerações respeitando aspectos econômicos, sociais e ambientais. Além disso, as propostas devem explicitar os desafios tecnológicos envolvidos e que serão vencidos com a execução das atividades de pesquisa para as quais se busca financiamento.
1.5 Recomendações para a preparação de propostas
1) Espera-se propostas solicitando apoio para atividades de pesquisa científica e/ou tecnológica.
2) Espera-se que a proposta explicite a relação entre o produto inovador e o tema da chamada: Cidades Inteligentes Aplicadas às Grandes Metrópoles. Esclarece-se, no entanto, que os projetos de pesquisa propostos que levem a soluções tecnológicas cuja motivação para seu desenvolvimento inicial não tenha sido um problema urbano podem ser apresentadas se atenderem positivamente às seguintes perguntas:
a) A proposta de projeto de pesquisa leva a uma solução que é adaptável para solucionar um problema urbano?
b) A proposta de projeto de pesquisa leva a uma solução que é adaptável e pode trazer maior eficiência (redução de custos e agilidade) e eficácia (atingir o objetivo) na provisão de serviços de saúde?
c) A proposta de projeto de pesquisa leva a uma solução que é inovadora e envolve alto risco tecnológico para ser desenvolvida na área da saúde?
d) A proposta de projeto de pesquisa leva a uma solução que já possui um Mínimo Produto Viável (MVP)?
1.6 Quais tipos de tecnologias podem ser empregadas na proposta?
As propostas de pesquisa devem buscar soluções sugeridas para os Desafios Tecnológicos e podem empregar diferentes tecnologias, combinadas ou não, por exemplo:
1) Hardware; 2) Software; 3) Drone; 4) Big data; 5) Data mining; 6) Blockchain; 7) Chat bot; 8) Realidade aumentada; 9) Drone; 10) Sensores (vento, pluviométrico etc.); 11) Projeção de imagens; 12) Dispositivos wereables (vestíveis); 13) Reprodução de voz; 14) Hardware; 15) Software; 16) Drone; 17) Big data; 18) Data mining; 19) Blockchain; 20) Chat bot; |
21) Realidade aumentada; 22) Drone; 23) Sensores (vento, pluviométrico etc.); 24) Projeção de imagens; 25) Dispositivos wereables (vestíveis); 26) Reprodução de voz; 27) Inteligência Artificial; 28) GSM; 29) SMS; 30) 2G; 31) 3G; 32) 4G; 33) Wifi; 34) Bluetooth; 35) Near Filed Communication (NFC); 36) Dispositivos embarcados em medicamentos e/ou alimentos; 37) Iluminação; 38) Outras. |
As propostas não serão avaliadas em função da tecnologia empregada, mas pelo conteúdo de pesquisa necessário para atingir os objetivos e pela capacidade inovadora de solução aos Desafios Propostos.
2 Desafios Tecnológicos para uma Metrópole Saudável
Muitos são os problemas e possíveis áreas para a inovação em grandes metrópoles. A presente chamada está dirigida para propostas que apresentem pesquisas que visem soluções para maior eficiência, eficácia e efetividade de serviços de saúde. O foco deste chamamento nessa área se justifica por seu grande impacto no bem estar dos cidadãos e na qualidade de vida nas metrópoles.
Desta forma, os desafios tecnológicos aqui propostos orientam-se no eixo Metrópoles Saudáveis.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, “uma cidade saudável é aquela que continuamente cria e melhora seu ambiente físico e social e expande os recursos da comunidade que permitem o apoio mútuo entre as pessoas no desempenho de todas suas funções vitais e no desenvolvimento pleno de seus potenciais”4. Não apenas cidades saudáveis provém o acesso a serviços de saúde de qualidade, mas proporcionam um espaço saudável, limpo e seguro para seus habitantes. Metrópoles saudáveis devem, portanto, oferecer em toda sua extensão de maneira equitativa e inclusiva as condições ambientais e de serviços necessárias para garantir a saúde e bem estar de seus habitantes.
Serão apoiados projetos de pesquisa para o desenvolvimento de projetos de produtos, processos ou serviços inovadores que apresentem soluções para problemas de saúde, tais como:
1) Como reduzir absenteísmo em consultas ambulatoriais ou procedimentos agendados (p. ex. exames clínicos, cirurgias etc.)?
2) Como avaliar os serviços de saúde de forma interativa?
3) Como reduzir o risco de erros nos procedimentos médicos?
4) Como diagnosticar, examinar, prestar assistência, acompanhar e tratar doenças remotamente? E como incluir as informações e dados gerados por esses procedimentos no prontuário eletrônico?
5) Como melhorar a gestão do fluxo de pacientes na rede de atendimento, de acordo com o perfil do usuário, considerando os fluxos de deslocamento da cidade?
6) Como tornar o monitoramento de doenças e a disseminação de informações técnicas e confiáveis sobre saúde mais eficientes por meio de aplicativos?
7) Como fiscalizar e coibir o uso de aparelhos celulares e smartphones ao volante e em outras situações de risco (p. ex. travessias de pedestre)?
8) Como identificar focos de mosquitos vetores de zoonoses (dengue, zyka, febre amarela) em locais de difícil acesso (p. ex. terrenos baldios e regiões de mata) e combatê-los de maneira mais efetiva?
9) Como melhorar a previsão de enchentes, deslizamentos e outros riscos naturais para evacuação de locais de risco e viabilizar o reforço médico especializado rapidamente nos equipamentos de saúde próximos (p. ex. por meio de sensores, mobiliário urbano inteligente etc.)?
10) Como melhorar o pré-atendimento e socorro de pacientes em situações de alto risco (código azul vermelho) de maneira a reduzir a incidência de sequelas graves?
11) Como reduzir o impacto ambiental proveniente do descarte de resíduos hospitalares? E como gerenciar esses resíduos de forma mais inteligente?
12) Como melhorar o acesso de grupos excluídos digitalmente (p. ex.: idosos, pessoas sem acesso a meios digitais) a informações sobre saúde?
13) Como melhorar o monitoramento preventivo de grupos vulneráveis em épocas de epidemias (p. ex.: gripe, zika, dengue etc.)?
14) Como realizar análises rápidas a partir do cruzamento de dados epidemiológicos e informações socioeconômicas, dados georreferenciados etc.?
15) Como integrar diferentes informações públicas do cidadão para atendimento personalizado?
16) Como agregar funções para órteses e próteses mais inteligentes (p. ex. soluções para monitoramento de desníveis e incidentes em calçada de maneira a prevenir quedas)?
17) Como o médico pode registrar suas conclusões nos exames e prontuários de forma mais eficiente, garantindo a confiabilidade das informações?
18) Como obter um registro dos hábitos e acompanhamento clínico de pacientes (por exemplo atividades físicas, alimentação e sono) para auxiliar na prevenção e diagnóstico de doenças?
19) Como aprimorar o gerenciamento do ciclo completo de medicamentos, ou seja, desde a prescrição eletrônica, logística de distribuição e rastreabilidade, à dispensação nas farmácias e o controle de estoques, garantindo a segurança dos dados de pacientes?
20) Como otimizar os trajetos das ambulâncias? E com disponibilizar o tempo do trajeto para os solicitantes do serviço?
21) Como melhor informar o Sistema Resgate para facilitar a localização do evento (p. ex. a partir da inclusão de informações de geolocalização e imagens da cena)?
22) Como obter dados básicos e de condição clínica do paciente atendido pelo Sistema Resgate e integrá-lo ao sistema de gestão hospitalar?
23) Como otimizar e inserir inteligência artificial para atuação preditiva e preventiva dos agentes comunitários de saúde?
24) Como fazer o acompanhamento remoto de grupos com protocolos de saúde bem definidos (p. ex. gestantes, pessoas com doenças crônicas) utilizando um aplicativo que concentre informações sobre esses pacientes e se torne um canal de informação entre o paciente e o sistema de saúde?
25) Como fazer a hospedagem local de conteúdo em aparelhos públicos com grandes aglomerações, como hospitais e escolas?
26) Como garantir o monitoramento do ruído na cidade de forma eficiente e eficaz?
27) Como garantir um padrão único de inserção de dados no prontuário eletrônico, garantindo a segurança, confiabilidade e integridade dos dados dos pacientes?
28) Como extrair dados por meio de data mining para produção de análises a partir de base de dados da saúde – como Data SUS – que permitam prever ou solucionar problemas no atendimento (p. ex.: erros de medicação)?
29) Como aplicar análises de desproporcionalidade (verificar comportamentos fora do padrão) em sistemas de gestão de atendimento ao paciente ou em gestão de medicamentos para detectar de que maneira desvios no protocolo afetam o sistema de saúde? Como elaborar cenários e projeções a partir dos dados gerados?
30) Como monitorar e melhorar o processo de distribuição de medicamentos biológicos para garantir sua conservação adequada até o momento de uso domiciliar pelo paciente?
31) Como gerar dados sobre o comportamento do usuário no uso de medicamentos para facilitar a vigilância farmacológica pós-comercialização e mitigar os riscos de abandono do tratamento prescrito? Como coletar os medicamentos não utilizados?
32) Como aplicar soluções de active design na escala da metrópole (p. ex.: em áreas onde há maior taxa de obesidade ou em regiões onde há menos espaços públicos)?
33) Como permitir, de forma inteligente, o monitoramento de pessoas em situação de alto risco de acidentes e a emissão de alertas em situações de risco, tais como: quedas, risco de cair ao levantar da cama, lembretes sobre medicamentos etc.?
34) Como tecnologias assistivas podem aumentar a inclusão de pessoas com deficiência (na saúde, educação, cultura etc.)?
[1] Por áreas urbanas, referimo-nos a regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e Regiões Integradas de Desenvolvimento Econômico, como definidas no Estatuto da Metrópole (Lei Federal 13.089 de 12 de janeiro de 2015).
[2] International Telecommunication Union (Focus Groups on Smart Sustainable Cities, 2014) www.itu.int/en/ITU-T/focusgroups/ssc/Pages/default.aspx.
[3] Cunha, Maria Alexandra; Przeybilovicz, Erico; Macaya, Javiera Fernanda Medina; Burgosa, Fernando. Smart Cities: Transformação Digital em Cidades. São Paulo: Programa Gestão Pública e Cidadania - PGPC, 2016. 161p. Disponível em: <http://ceapg.fgv.br/sites/ceapg.fgv.br/files/u60/ebook_smart_cities.pdf>. Acesso em 24 fev. 2016.
[4] Página web: World Health Organization Types of Healthy Settings - Healthy Cities. Disponível em: <www.who.int/healthy_settings/types/cities/en/>. Acesso em 23 fev. 2017.